IDADE
MÉDIA
Marcada por uma série de considerações preconceituosas, a Idade Média
compreende o período que parte da queda do Império Romano, até o surgimento do
movimento renascentista. Longe de ser a chamada “idade das trevas”, esse
período histórico possui uma diversidade que não se encerra no predomínio das
concepções religiosas em detrimento da busca pelo conhecimento. É durante o
período medieval que se estabelece a complexa fusão de valores culturais
romanos e germânicos. Ao mesmo tempo, é nesse período que vemos a formação do
Império Bizantino, da expansão dos árabes e o surgimento das primeiras
universidades.
AS
CRUZADAS
De 1096 a 1270, expedições foram formadas sob o
comando da Igreja, a fim de recuperar Jerusalém (que se encontrava sob domínio
dos turcos seldjúcidas) e reunificar o mundo cristão, dividido com a “Cisma do
Oriente”. Essas expedições ficaram conhecidas como Cruzadas. A Europa do século
XI prosperava. Com o fim das invasões bárbaras, teve início um período de
estabilidade e um crescimento do comércio. Consequentemente, a população também
cresceu. No mundo feudal, apenas o primogênito herdava os feudos, o que
resultou em muitos homens para pouca terra. Os homens, sem terra para tirar seu
sustento, se lançaram na criminalidade, roubando, saqueando e sequestrando.
Algo precisava ser feito. Como foi dito anteriormente, o mundo cristão se
encontrava dividido. Por não concordarem com alguns dogmas da Igreja Romana
(adoração a santos, cobrança de indulgências, etc.), os católicos do Oriente
fundaram a Igreja Ortodoxa. Jerusalém, a Terra Santa, pertencia ao domínio
árabe e até o século XI eles permitiram as peregrinações cristãs à Terra Santa.
Mas no final do século XI, povos da Ásia Central, os turcos seldjúcidas,
tomaram Jerusalém. Convertidos ao islamismo, os seldjúcidas eram bastante
intolerantes e proibiram o acesso dos cristãos a Jerusalém. Em 1095, o papa
Urbano II convocou expedições com o intuito de retomar a Terra Sagrada. Os
cruzados (como ficaram conhecidos os expedidores) receberam esse nome por
carregarem uma grande cruz, principal símbolo do cristianismo, estampada nas
vestimentas. Em troca da participação, ganhariam o perdão de seus pecados. A
Igreja não era a única interessada no êxito dessas expedições: a nobreza feudal
tinha interesse na conquista de novas terras; cidades mercantilistas como
Veneza e Gênova deslumbravam com a possibilidade de ampliar seus negócios até o
Oriente e todos estavam interessados nas especiarias orientais, pelo seu alto
valor, como: pimenta-do-reino, cravo, noz-moscada, canela e outros. Movidas
pela fé e pela ambição, entre os séculos XI e XIII, partiram para o Oriente
oito Cruzadas. A primeira (1096 – 1099) não tinha participação de nenhum rei.
Formada por cavaleiros da nobreza, em julho de 1099, tomaram Jerusalém. A
segunda (1147 – 1149) fracassou em razão das discordâncias entre seus líderes
Luís VII, da França, e Conrado III, do Sacro Império. Em 1189, Jerusalém foi
retomada pelo sultão muçulmano Saladino. A terceira cruzada (1189 – 1192),
conhecida como ‘”Cruzada dos Reis”, contou com a participação do rei inglês
Ricardo Coração de Leão, do rei francês Filipe Augusto e do rei Frederico
Barbarruiva, do Sacro Império. Nessa cruzada foi firmado um acordo de paz entre
Ricardo e Saladino, autorizando os cristãos a fazerem peregrinações a
Jerusalém. A quarta cruzada (1202 – 1204) foi financiada pelos venezianos,
interessados nas relações comerciais. A quinta (1217 – 1221), liderada por João
de Brienne, fracassou ao ficar isolada pelas enchentes do Rio Nilo, no Egito. A
sexta (1228 – 1229) ficou marcada por ter retomado Jerusalém, Belém e Nazaré,
cidades invadidas pelos turcos. A sétima (1248 – 1250) foi comandada pelo rei
francês Luís IX e pretendia, novamente, tomar Jerusalém, mais uma vez retomada
pelos turcos. A oitava (1270) e última cruzada foi um fracasso total. Os
cristãos não criaram raízes entre a população local e sucumbiram. As Cruzadas
não conseguiram seus principais objetivos, mas tiveram outras consequências
como o enfraquecimento da aristocracia feudal, o fortalecimento do poder real,
a expansão do mercado e o enriquecimento do Oriente.
FEUDALISMO
Iluminura medieval onde servos oferecem peças de
um animal ao senhor feudal.
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O feudalismo consiste em um conjunto de práticas envolvendo questões de ordem
econômica, social e política. Entre os séculos V e X, a Europa Ocidental sofreu
uma série de transformações que possibilitaram o surgimento dessas novas
maneiras de se pensar, agir e relacionar. De modo geral, a configuração do
mundo feudal está vinculada a duas experiências históricas concomitantes: a
crise do Império Romano e as Invasões Bárbaras.
A economia sofreu uma retração das atividades comerciais, as moedas perderam seu espaço de circulação e a produção agrícola ganhara caráter subsistente. Nesse período, a crise do Império Romano tinha favorecido um processo de ruralização das populações que não mais podiam empreender atividades comerciais. Isso ocorreu em razão das constantes guerras promovidas pelas invasões bárbaras e a crise dos centros urbanos constituídos durante o auge da civilização clássica. A ruralização da economia também atingiu diretamente as classes sociais instituídas no interior de Roma. A antes abrangente classe de escravos e plebeus veio a compor, junto com os povos germânicos, uma classe campesina consolidada enquanto a principal força de trabalho dos feudos. Trabalhando em regime de servidão, um camponês estaria atrelado à vida rural devido às ameaças dos conflitos da Alta Idade Média e a relação pessoal instituída com a classe proprietária, ali representada pelo senhor feudal.
O senhor feudal representaria a classe nobiliárquica detentora de terras.
Divididos por diferentes títulos, um nobre poderia ser responsável desde a
administração de um feudo até pela cobrança de taxas ou a proteção militar de
uma determinada propriedade. A autoridade exercida pelo senhor feudal, na
prática, era superior a dos reis, que não tinham poder de interferência direta
sobre as regras e imposições de um senhor feudal no interior de suas
propriedades. Portanto, assinalamos o feudalismo como um modelo promotor de um
poder político descentralizado. Ao mesmo tempo em que a economia e as relações
sociopolíticas se transformavam nesse período, não podemos nos esquecer da
importância do papel da Igreja nesse contexto. O clero entraria em acordo com
os reis e a nobreza com o intuito de expandir o ideário cristão. A conversão da
classe nobiliárquica deu margens para que os clérigos interferissem nas
questões políticas. Muitas vezes um rei ou um senhor feudal doava terras para a
Igreja em sinal de sua devoção religiosa. Dessa forma, a Igreja também se
tornou uma grande “senhora feudal”. No século X o feudalismo atingiu o seu auge
tornando-se uma forma de organização vigente em boa parte do continente
europeu. A partir do século seguinte, o aprimoramento das técnicas de produção
agrícola e o crescimento populacional proporcionaram melhores condições para o
reavivamento das atividades comerciais. Os centros urbanos voltaram a florescer
e as populações saíram da estrutura hermética que marcou boa parte da Idade
Média.
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